Quando nos despedimos era a hora certa.
Você esperou meu choro, meu desespero, minha súplica e minha ligação.
Você estava pronto para me consolar, para dizer que eu tinha que ir em frente e deixá-lo, mas não esperava que eu já conhecesse o caminho, que já tivesse partido bem antes do adeus.
Preciso te contar o quanto estou incrívelmente feliz, o quanto o meu amor próprio superou as madrugadas longas, o quanto que me descobrir fez te esconder na memória, o quanto me permitir me fez mais interessante, o quanto fantástica posso ser e as pessoas que posso ter ao redor, que posso escolher e não ser a escolha.
Eu escolho você. Te escolho para ser quem irá ficar me esperando do outro lada da linha, da ponte, da avenida.
Te escolho e te coloco do lado oposto da minha opção pela alegria.
Te escolho não por maldade, por vingança ou por caridade, mas porque você me ensinou muitas coisas, e coisas boas, coisas que nem um inimigo me ensinaria.
Por causa de você conheci meus limites e os desaprendi, e hoje não me permito a nada que seja menos do que a felicidade ou mais do que a sensatez.
Você me ajudou a me tornar uma mulher mais forte e menos tempestuosa.
Me ensinou a não ser cruel, quando me magoou.
Me ensinou a como não permitir o descaso, quando te contava um sonho.
Me ensinou como não enganar, quando optou por outros planos.
Me ensinou a descobrir o quanto posso ser amada, quando teu cuidado era de outra face.
Hoje meu corpo tem outras mãos espalhadas, hoje meu caminhar é um convite, hoje meu olhar é uma armadilha, hoje minha lembrança é uma tortura, hoje minha companhia é para poucos, hoje meu cheiro é um abismo, hoje meus dedos são violinos, hoje meu riso é a felicidade, hoje meu plano aceita ser surpreendido.
Hoje apenas me permito a certeza do que a incerteza me impõe.
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